sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Um gelo polar

AQUECIMENTO GLOBAL

Um gelo polar

Uma massa de ar frio vinda do Ártico fez com que a temperatura caísse 30 graus em poucas horas nos Estados Unidos e no Canadá. São os efeitos das mudanças climáticas

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Raquel Beer e Victor Caputo Veja -
Robert S. Donovan/Creative Commons

Na terça-feira, 7, os nova-iorquinos repentinamente acordaram numa cidade a 15 graus negativos, 27 graus a menos do que no dia anterior. Foi a menor temperatura de Nova York nos últimos 118 anos, nesta época do ano. Mais ao norte do Estado de Nova York, na fronteira com a província canadense de Ontário, uma cena impressionante era vista na cidade de Niagara Falls: as águas das emblemáticas Cataratas do Niágara, a mais volumosa queda-d'água do Hemisfério Norte, estavam congeladas. Chicago, em Illinois, chegou a 27 graus negativos (até a Antártica tinha temperaturas mais elevadas naqueles dias). Na divisa entre os estados de Minnesota e Dakota do Norte a sensação térmica era de 50 graus negativos. Frio suficiente para alguém jogar, um copo de água fervente no ar e vê-la se transformar em partículas de gelo antes de tocar o chão. Ao menos 21 americanos morreram por hipotermia e outros 240 milhões foram afetados pelo clima gelado — lojas não abriram e muita gente nem saiu de casa durante a semana.

Tudo congelado, a pergunta que fica é a seguinte: será que o rigoroso inverno americano é prova da inexistência de um aquecimento global, fenômeno aclamado por muitos cientistas como o vilão de nosso século?

Dada a dissonância cognitiva provocada pelo choque entre a expressão "aquecimento global" e um frio danado como o da semana passada nos Estados Unidos e no Canadá, a expressão "mudança climática" tem ganhado cada vez mais espaço. Afinal, como explicar aquecimento global para um sujeito que está sentindo frio abaixo do registrado na superfície de Marte? Mudança climática, portanto, é o nome do jogo.

Nas últimas cinco décadas, a temperatura na Terra subiu 0,7 grau. Parece pouco, mas é o suficiente para desestabilizar o clima global. Enquanto algumas regiões estão mais quentes, como o Ártico e a Austrália, outras esfriaram, a exemplo dos Estados Unidos. O que ocorreu no centro e na costa leste americana é efeito de um fenômeno conhecido como polar vortex, ou vórtice polar. Trata-se de uma massa de ar que circula constantemente pelo Ártico, em um movimento circular, com ventos de 42 graus negativos e a 160 quilômetros por hora. Normalmente, a rotação da Terra fez com que o vórtice fique restrito ao Polo Norte. O aquecimento do Ártico, onde a temperatura subiu 2 graus em cinquenta anos (o triplo do aumento mundial), desestabilizou os ventos frios e fez com que eles rumassem para os Estados Unidos, derrubando a temperatura em até 30 graus em poucas horas, em vários estados.

A desestabilização do vórtice se deve ao fato de que o aquecimento do Ártico intensificou o derretimento do mar congelado que cobre a região. Entre julho e agosto de 2013, o degelo observado foi o dobro da média registrada desde 1969 pelos satélites da Nasa, a agência espacial americana. A extensão da parcela congelada do Oceano Ártico é hoje 25% menor do que a que se via há 45 anos, e a água também está 3 graus mais quente. Ocorre que o contato da superfície maior de água aquecida com o ar, que é mais gelado, acaba por esquentá-lo. Como os ventos mais quentes são menos densos que os mais frios, eles sobem na atmosfera, desestabilizando o vórtice polar. Foi esse ar (quente para os padrões do Ártico, mas extremamente gelado para os dos Estados Unidos), com temperatura de dezenas de graus abaixo de zero, que rumou em direção à costa leste americana. Disse a VEJA o climatologista americano David Robinson, da Universidade Rutgers, em Nova Jersey: "Esse evento tem acontecido com frequência nas últimas décadas, mas desta vez foi mais grave por ter ocorrido um deslocamento muito rápido do vórtice em direção ao restante do Hemisfério Norte. Não houve tempo para que os ventos se aquecessem no caminho, o que criou o inverno extremamente rigoroso. A duração disso é, porém, curta: em uma semana as temperaturas já devem voltar para o patamar típico de um mês de janeiro".

A perturbação do vórtice polar é cada vez mais frequente. No ano passado, os mesmos ventos frios rumaram em direção à Inglaterra, que sofreu seu inverno mais rigoroso dos últimos sessenta anos. O problema já afetou os Estados Unidos quatro vezes nos anos 80, e a mais recente se deu em 1996. Na última versão do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU, publicada no fim do ano passado, há um alerta: até 2040, a camada congelada na superfície do Oceano Ártico deve desaparecer totalmente durante a primavera e o verão. Isso deixará o oceano exposto, afetando as mudanças climáticas globais.

Ao mesmo tempo em que temperaturas congelantes castigam os Estados Unidos, outros sinais de reviravoltas climáticas são vistos ao redor do mundo. Os termômetros na Austrália bateram a marca de 50 graus na semana passada, recorde dos últimos cinquenta anos. Uma onda de calor, a mais severa em 100 anos, atingiu Buenos Aires, na Argentina, na primeira semana deste mês. No Brasil, altas temperaturas foram registradas neste verão: a sensação térmica no Rio de Janeiro chegou a 50 graus. As causas das mudanças climáticas, porém, não são claras. Segundo o IPCC, é de 95% a probabilidade de que o aquecimento seja fruto de ações humanas, principalmente daqueima de combustíveis fósseis. Por outro lado, cientistas apelidados de "céticos" afirmam que o homem não é responsável pelo aumento das temperaturas. Segundo eles, há ciclos naturais que modificam o clima terrestre em decorrência de diversos fenômenos, como a intensificação da atividade do Sol, cujas explosões na superfície têm sido mais frequentes e potentes. Se o motivo não é evidente, a consequência é, sim: o clima da Terra está se transformando
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Composição da Executiva e Diretório do PR - RJ


Garotinho com o prefeito de São Gonçalo, Neilton Mulim eleito na convenção vice-presidente estadual do PR (Foto de Check Fotógrafo)
Garotinho com o prefeito de São Gonçalo, Neilton Mulim eleito na convenção vice-presidente estadual do PR (Foto de Check Fotógrafo)


Vejam abaixo a chapa eleita na Convenção Estadual do PR por 6.983 votos a favor e apenas 35 contra.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Tem um rio no meio do caminho

EM SÃO PAULO

Tem um rio no meio do caminho

São Paulo esconde em seu subsolo mais de 300 córregos que guardam lendas, histórias e curiosidades que ajudam a decifrar a alma da metrópole

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Branca Nunes  Veja.com - 

Heitor Feitosa

Heitor Feitosa
Vielas, becos, ruas em curvas, galerias pluviais, paredes marcadas por enchentes. Para encontrar os rios de São Paulo, é preciso prestar atenção em tudo isso. Outra dica é olhar para o alto em busca de pedaços de céu. Como não é permitido erguer grandes construções sobre cursos d’água, quando, no meio de um quarteirão, é possível enxergar uma espécie de corredor e, acima dele, uma nesga de céu aberto, é quase certo que ali embaixo exista um rio. São Paulo esconde em seu subsolo mais de 300 rios, córregos e riachos que guardam lendas, histórias e curiosidades que ajudam a decifrar a alma da metrópole.

O Saracura é um desses rios escondidos de São Paulo. Nasce atrás do Maksoud Plaza, que já foi um dos hotéis mais glamorosos da cidade, a duas quadras da Avenida Paulista. O espigão da Paulista – primeira via asfaltada da capital – é o berço de quase todos os rios da cidade. Os que nascem do lado dos Jardins desaguam no Rio Pinheiros. Os que brotam do lado da Bela Vista desembocam no Tietê. Deste lado está a Ribeirão Preto – que apesar de ter nome de rio e de uma cidade do interior do estado, é uma rua –, onde na altura do número 529 existe um desses espaços de céu aberto.
Para encontrar a nascente do Saracura (ou melhor, as nascentes, porque o rio não tem uma só nascente, tem várias. A imagem é a de uma mão: os dedos seriam as nascentes. Eles se encontram e seguem formando o braço, ou seja, o rio) é preciso seguir as curvas da Alameda Campinas e da Rua Dr. Seng. No fim desta rua há o que os geógrafos chamam de combinação ideal: um beco, vegetação abundante, umidade e taiobas, um tipo de planta que só cresce em terrenos com água o ano inteiro.

Ali, o clima é mais fresco, o ar é mais limpo, a temperatura cai alguns graus. É fascinante imaginar que, apesar dos prédios em volta, do asfalto, dos muros delimitando o terreno, aquele pedacinho da cidade é exatamente daquele jeito desde muitos anos antes da chegada do homem (assista abaixo um vídeo que ensina como encontrar uma nascente em São Paulo).

A água que brota até da parede é como a descrita nos livros escolares: insípida, inodora e incolor. Só não pode ser bebida porque o solo da cidade é contaminado pelo esgoto das casas, pela sujeira das ruas, pela poluição dos automóveis. Mas pode ser usada para muita coisa. Onofre Sabino, por exemplo, usa para lavar carros. Ele inventou um decantador que consiste em cinco bacias de alumínio ligadas por mangueiras. A primeira mangueira liga a nascente a uma das bacias. Conforme a água passa de um recipiente para outro, pequenos sedimentos, como areia, pedrinhas e folhas, vão sendo depositados no fundo até que esteja pronta para ser usada. Sabino garante que, desde 1986, quando começou, até hoje, nunca faltou água.

A duas quadras dali, na Rua Almirante Marques de Leão, motoristas de táxi também lavavam seus carros em outra nascente do Saracura. Como não havia o decantador de Onofre Sabino, uma só mangueira capturava a água de um terreno baldio e a jogava nos carros. Mas a prefeitura proibiu o lava-rápido improvisado e agora os taxistas lavam seus carros numa oficina localizada no cruzamento das ruas Una com a Cardeal Leme. A água, que antes vinha da terra, agora vem da Sabesp.

É sob a Cardeal Leme que corre o Saracura. Embora seja uma via sem declives nem aclives, quem anda de bicicleta por ali garante que nesse trecho não é preciso pedalar. É como se as águas carregassem o ciclista até desembocarem na Avenida 9 de Julho, ao lado da escola de Samba Vai-Vai.

Um dos símbolos da Vai-Vai é justamente a saracura, ave de pernas finas abundante naquela região por volta de 1920, quando o asfalto ainda não tinha engolido o ribeirão. A saracura deu nome ao córrego, aos moradores do Bexiga e virou personagem de diversos sambas, como Tradição, de Geraldo Filme:

O samba não levanta mais poeira
Asfalto hoje cobriu o nosso chão
Lembrança eu tenho da Saracura
Saudade tenho do nosso cordão.

Quem nunca viu o samba amanhecer
vai no Bexiga pra ver, vai no Bexiga pra ver.


Para ver o Saracura é preciso sair do Bexiga e caminhar até a saída do viaduto Doutor Plínio de Queirós. Nesse ponto, uma grade no asfalto da 9 de Julho permite uma espiada no rio que corre lá embaixo. De janeiro a março, a estação das chuvas, é o Saracura que vem dar uma espiada aqui em cima. Ele aparece nos jornais levando carro, gente, lixo e animais – e é quando algumas pessoas se lembram de que ali existe um rio.

Apesar do jeitão insubmisso, o Saracura não é caudaloso. Tem pouco mais de dois metros de largura. Ganha fôlego na altura da Praça da Bandeira, bem no centro de São Paulo, quando encontra o Itororó – que corre sob a Avenida 23 de Maio – e o Bixiga – que vem da Rua Japurá –, formando o Anhangabaú. Os três seguem juntos pela Rua Carlos de Souza Nazaré, ao lado da 25 de Março, até desembocarem no Tamanduateí, o rio – esse sim um riozão – que acompanha a Avenida do Estado.

Embora não seja “tamponado”, como são chamados os rios cobertos, as muretas nas laterais fazem com que poucas pessoas saibam que naquela avenida feia e cinza corre um dos rios mais importantes da cidade. Além de São Paulo ter sido fundada em suas margens, o Tamanduateí era a porta de entrada da capital. Por ele navegavam os barcos que iriam atracar no porto localizado ao pé da Ladeira Porto Geral – aquela das lojas de fantasias que ficam abarrotadas na época do carnaval.

Quando o Saracura chega ao Tamanduateí, suas águas jorram tão feias e cinzentas quanto a Avenida do Estado. O esgoto das casas, a sujeira das ruas, a poluição dos automóveis, a negligência do homem, tudo contribui para alterar aquela água que brota insípida, inodora e incolor a menos de 10 quilômetros dali. É esse líquido viscoso que desaguará no Tietê, quase em frente da ponte conhecida como estaiadinha.

O Tietê encontrará o Rio Pinheiros um pouco mais adiante, no chamado ponto zero das marginais, onde passa todo o esgoto da cidade. Ele veio boiando pelos seus dois maiores rios que, por sua vez, foram alimentados pelas mais de três centenas de córregos e riachos que correm no subsolo da maior metrópole da América do Sul.

Trezentos é o número oficial. O geógrafo Luiz de Campos Jr. e o urbanista Roberto Bueno, idealizadores do projeto Rios e Ruas, garantem que são, no mínimo, o dobro – a bacia hidrográfica sob São Paulo teria 3.500 quilômetros de extensão. A dupla organiza explorações pela metrópole com o objetivo de caçar essas águas enterradas vivas. Uma rua sinuosa, vielas, esquinas com muitos bueiros, paredes marcadas por enchentes são alguns indícios de que, naquele lugar, pode existir um rio.

Essa necessidade de reeducação do olhar é relativamente recente. A partir de 1930, com a intensificação da industrialização de São Paulo, os rios foram gradativamente cedendo lugar para as ruas e os automóveis. Como é proibido erguer um prédio em cima de um rio, para evitar a contaminação do lençol freático, a maioria fica sob o asfalto. Luiz garante que nenhum paulistano mora a mais de 200 metros de um curso d’água.

Se tivesse poderes para fazer o que bem entendesse, Bueno optaria pelo que não lhe parece nenhum milagre. Exumaria 300 metros de um desses rios, limparia suas águas e construiria em suas margens uma área de lazer ou um pequeno parque. Ele acredita que o prazer será tanto que os paulistanos desejarão estender a experiência a outras paragens. E exigirão que, para encontrar os rios de São Paulo, baste olhar para baixo.

O mar vai virar sertão

O mar vai virar sertão

Entre tradicional e high-tech, o museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga, que abre este mês em Recife, recria o Brasil sertanejo

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Mariana Payno Elle

Divulgação

Não há luar como o do sertão, e quem cantou essa moda o fez como ninguém: da sanfona de Luiz Gonzaga, tradição e inovação saíram juntas, compondo as notas do que se tornou um dos mais fortes pilares da cultura popular brasileira, o baião. Recriando a trajetória do compositor pernambucano e resgatando a história sertaneja, o Cais do Sertão Luiz Gonzaga, com inauguração prevista para o dia 13 de dezembro, chega à beira do mar em Recife um ano depois do centenário de nascimento do rei do baião.


"Queremos mostrar o Brasil sertanejo por meio do sanfoneiro fantástico que foi Luiz Gonzaga", explica o antropólogo Antônio Risério, criador do conceito do museu. Para isso, uma equipe de artistas e especialistas viajou por grotões colhendo material para compor o acervo documental e buscando inspiração para as obras inéditas produzidas para o Cais. "É importante trazer para a beira-mar a cultura do sertão, que é riquíssima e pouco conhecida. E olhar para as raízes como algo que continua pulsando", diz a curadora Isa Ferraz, que também foi responsável pelo Museu da Língua Portuguesa e montou em Recife uma exposição nos mesmos moldes de interatividade da casa paulistana.



Um dos convidados para a empreitada foi o cineasta Kléber Mendonça (pré-indicado ao Oscar 2014 pelo filme O Som ao Redor, de 2012), que passou um tempo sob as estrelas de Ibimirim, a 300 km de Recife, para fazer os takes de sua produção para a mostra permanente, uma instalação sobre as feiras sertanejas. "Queria algo que não falasse apenas do espaço físico das feiras, mas que misturasse a linguagem cinematográfica à carga histórica de conflito e violência, que é muito forte no Brasil e no sertão", contou o diretor a ELLE.



Ao lado dele, com obras de artes plásticas, cinema, música e literatura, estão nomes como Tom Zé, José Miguel Wisnik, Marcelo Gomes, Carlos Nader, Luiz Hermano e Miguel Rio Branco. Assim, o Cais do Sertão vem se juntar à efervescente cena culturalpernambucana - que, mais do que falar sobre o regionalismo, resgata a universalidade do homem. E nada mais justo do que Luiz Gonzaga ser o mentor de tudo isso. Como bem colocou Mendonça: "Gonzaga cantou temas universais. Em algum momento da minha vida, percebi que sabia as letras dele de cor e eu nunca tive um disco do Luiz Gonzaga. É muito bonito isso".



ENQUANTO ISSO, NO RIO...

Pernambuco está mesmo no centro quando o assunto é arte - e não é de hoje. Sabendo disso, o Museu de Arte do Rio reuniu 300 obras na expo Pernambuco Experimental, em cartaz a partir do dia 10 deste mês. Entre pinturas, fotografias, canções e performances, a exposição traz o que de melhor se produziu por lá desde o início do século 20 até os anos 1980. De quebra, o MAR ainda apresenta uma mostra de filmes e lança um livro sobre o assunto.
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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Saiba como fazer um jardim vertical usando pallets

Saiba como fazer um jardim vertical usando pallets
27 de Janeiro de 2014 •


Existem muitos projetos decorativos que usam pallets, da mesma forma que existem diversas opções de jardins verticais. A ideia de misturar os dois é da paisagista Fern Richardson, do blog Life on the Balcony, e o CicloVivo mostra o passo a passo.
Materiais:  Um pallet, lona de jardim, lixa, grampeador e grampo, martelo e pregos, terra para envasamento e suculentas ou outras plantas.
 
Instruções: Lixe o pallet para que fique liso e sem farpas. Se a parte traseira de seu pallet não tiver muito apoio (às vezes você pode encontrar um, muito aberto na parte de trás), encontre alguns pedaços de madeira, com cerca de sete a dez centímetros de largura e 1/4 de espessura (ou a espessura das outras ripas) e pregue-os em seu pallet, usando dois pregos de cada lado.
 
Corte a lona, com tamanho de duas a três vezes maior que o pallet, e comece a grampear. Grampeie atrás, nas laterais e no fundo, tomando cuidado nos cantos. Dobre a lona de modo que a terra nunca seja derramada. 
 
 
Coloque a estrutura montada em uma superfície plana e despeje a terra adubada através das ripas, pressionando firmemente. Deixe espaço suficiente para acrescentar as plantas.
 
Inicie a plantação, começando pela parte de baixo do estrado e terminando no topo. Certifique-se de que o solo está firmemente embalado. Adicione o solo conforme necessário para que as plantas fiquem bem firmes no final.
 
 
Regue seu jardim vertical completamente e deixe-o na horizontal de uma a duas semanas para permitir que as plantas sem enraízem. Passado este tempo, ele já pode ser configurado na posição vertical.
 
Nota: lembre-se de começar a regar pelo topo e depois cada seção subsequente com uma quantidade um pouco menor, pois a água irá naturalmente se infiltrar nas plantas do fundo.
 
 
Clique aqui para ver outras maneiras de fazer jardins verticais.
 

2013 foi um dos anos mais quentes da história


2013 foi um dos anos mais quentes da história



Pesquisas de institutos reconhecidos mundialmente têm confirmado o que a população têm sentido na pele: as temperaturas atuais estão entre as mais quentes do século.
Os cientistas da Noaa (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA) afirma que a temperatura média global de 2013 foi a quarta mais alta, desde que as medições começaram a ser registradas, em 1880.
Para o Noaa, 2013 foi o 37º ano consecutivo com uma temperatura global acima da média do século 20. Os três anos mais quentes já registrados pelo grupo são de 2010, 2005 e 1998.
Além de detalhar as regiões que apresentam temperaturas acima da média, como partes da Ásia central, Oceano Ártico e Pacífico, o Noaa salienta que apenas uma parte dos Estados Unidos foi mais frio que a média e pequenas regiões do Oceano Pacífico e do Oceano Antártico. Os cientistas também ressaltam que nenhuma região do mundo foi recorde de frio durante 2013.
Já para os cientistas da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), 2013 está empatado com 2009 e 2006 como o sétimo ano mais quente da história. Para o grupo, isso mostra uma tendência em longo prazo de aumento das temperaturas globais.
A Nasa classifica os anos de 2000, 2010 e 2005 como os mais quentes já registrados. Os cientistas enfatizam que as temperaturas médias anuais sofrem alterações, mas há constantes aumentos nos níveis de gases de efeito estufa na atmosfera e, consequentemente, aumento em longo prazo na temperatura global. Isso no quer dizer que cada ano consecutivo será, necessariamente, mais quente do que no ano anterior, mas é provável que a década sucessiva seja ainda mais quente.
Redação CicloVivo

Uirapuru-verdadeiro, uma ave cercada de mitos e lendas

Uirapuru-verdadeiro, uma ave cercada de mitos e lendas

por Fábio Paschoal 
     
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Diferentes subespécies de uirapuru-verdadeiro (Cyphorhinus aradus) - Ilustração John Gerrard Keulemans
Diferentes subespécies de uirapuru-verdadeiro (Cyphorhinus aradus) – Ilustração John Gerrard Keulemans
Você já ouviu uma música tão bonita que fez você parar tudo o que estava fazendo só para admirá-la? Assim é o canto do uirapuru-verdadeiro. Há quem diga que quando ele canta as outras aves silenciam para ouvir a melodia. Elas ficam hipnotizadas e passam a ser controladas pelo maestro (para ouvir o uirapuru veja o vídeo no final do post).
O nome uirapuru é dado a algumas aves da AmazôniaPantanal e Mata Atlântica. A maioria faz parte da família dos dançarinos (falei de um membro desse grupo no post Dançarino-da-cabeça-vermelha usa passos de Michael Jackson na dança do acasalamento). Os machos possuem cores vibrantes e fazem coreografias extremamente elaboradas na esperança de conquistar uma fêmea. Mas, quando o assunto é melodia, nenhum dançarino se compara ao uirapuru-verdadeiro, ave da família das corruíras cercada de mitos e lendas.
Uma das histórias se refere a um guerreiro que se apaixona pela esposa do cacique. Como não pode se aproximar dela, o rapaz pede ao deus Tupã para transformá-lo em pássaro. Todas as noites o jovem, em sua forma alada, se aproxima de sua amada e canta para ela. Mas o cacique também ouve a música, e começa a perseguir a ave com a intenção de prendê-la.
O pássaro se esconde na floresta e o cacique não consegue encontrá-lo. Mas o uirapuru não desiste. Ele canta todas as noites para a esposa do cacique na esperança que ela o descubra através de sua melodia.
Outra lenda conta a história de Oribici, uma índia que disputava o amor do chefe de sua tribo com outra mulher. O cacique organizou uma competição de arco e flecha para escolher sua esposa. A derrota foi devastadora para Oribici. Ela chorou tanto que suas lágrimas deram origem a um córrego.
Comovido com a tristeza da índia, o deus Tupã – para compensar pelo amor que Oribici havia acabado de perder – a transformou em um pássaro com um canto extremamente belo, capaz de enfeitiçar todas as aves da floresta.
Uma terceira lenda conta a história de um pássaro que foi atingido no coração por uma flecha disparada por uma moça apaixonada pelo seu canto. A ave se transformou em um belo guerreiro.
Tomado pela inveja, um feiticeiro compôs uma música com sua flauta encantada e fez com que o rapaz desaparecesse para sempre. Tudo o que restou foi o lindo canto do guerreiro, que pode ser ouvido até hoje na floresta.
O uirapuru-verdadeiro é considerado um talismã. Existem pessoas que acreditam que o homem que carregar uma pena da ave será irresistível para as mulheres e terá sucesso nos negócios. Também dizem que a moça que conseguir um pedaço do ninho manterá seu amado, fiel e apaixonado, por toda a vida. Mas essas superstições são prejudiciais à espécie, já que é preciso capturar o animal e destruir o local em que ele cuida dos filhotes.
Prefiro acreditar na lenda que diz que a pessoa que escuta o uirapuru pode fazer um desejo que será realizado no futuro. Assim podemos propagar um dos cantos mais bonitos que se pode ouvir na Floresta Amazônica.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

AMBIENTE PREVÊ CINCO MILHÕES DE VISITANTES NOS PARQUES ESTADUAIS EM 2016

AMBIENTE PREVÊ CINCO MILHÕES DE VISITANTES NOS PARQUES ESTADUAIS EM 2016


 » Ascom SEA
Estima-se que no ano das Olimpíadas comércio e atividades de ecoturismo gerem cerca de R$ 1 bilhão em movimento financeiro

 Com recursos no valor de R$ 64 milhões, a Secretaria do Ambiente tem investido na implementação de estrutura física e na capacitação de profissionais dos 12 parques em funcionamento no estado com a meta de atrair cerca de cinco milhões de visitantes por ano até 2016. O valor aplicado em obras para preparar cada vez mais as áreas preservadas para receber turistas nacionais e internacionais inclui a construção de alojamentos para pesquisadores, centros de convivência, além da sinalização de trilhas bem como ações de qualificação de 280 guarda-parques.

Outros R$38 milhões já foram aprovados para novos investimentos nas unidades de conservação totalizando um montante de mais de R$ 100 milhões. A expectativa da Secretaria de Ambiente é que os recursos aplicados contribuam para oxigenar a economia de vários municípios fluminenses. Estima-se que, no ano das Olimpíadas, hotéis, pousadas, bares, restaurantes e atividades de ecoturismo gerem aproximadamente R$ 1 bilhão em movimento financeiro.

“ Temos investido na regularização fundiária e estamos realizando inúmeras obras, algumas já concluídas.   Estamos implementando cada vez mais trilhas sinalizadas, temos a presença dos nossos guarda-parques orientando e aconselhando os usuários e passando uma consciência ambiental da importância destes espaços.  Além disso, entendemos que a partir do momento em que abrimos parques para visitação com estrutura de qualidade criamos uma série de possibilidades para pequenos e médios empresários, gerando emprego e ativando a economia das regiões “, ressaltou o diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), André Ilha.

 Pórticos, alojamentos para pesquisadores e guardas-parque, centros de visitantes, guaritas, cercamento de áreas, sinalização de trilhas e de mirantes integram o processo de implantação física dos parques estaduais iniciada em 2007. Além da aplicação de recursos em infraestrutura, a Secretaria de Ambiente treinou profissionais e equipou as equipes que atuam nas unidades de conservação. Foram investidos cerca de R$ 10 milhões em equipamentos, veículos e na capacitação dos guarda-parques, que tem uma dupla finalidade: proteger as áreas ambientais e  funcionar como uma espécie de ‘Relações Públicas’, interagindo com turistas, moradores e pesquisadores.

  Projeto Trilhas da Copa

A Secretaria de Ambiente prepara mais uma novidade com foco na Copa do Mundo. Em janeiro será licitado o projeto Trilhas da Copa que sinalizará nos idiomas português e inglês 24 trilhas em três parques estaduais (Pedra Branca, Serra da Tiririca e Três Picos). A ação acontece em parceria com a Secretaria de Turismo.

 "Estamos completamente alinhados com Secretaria de Turismo para transformar os parques numa marca importante do estado assim como a praia, o Cristo Redentor, o Carnaval. Queremos que as áreas naturais protegidas venham a ser em um médio prazo valorizadas pelos moradores e procurada pelos visitantes“, acrescentou o diretor de Biodiversidade do Inea. 

Capacitação para trânsito na faixa de areia do Farol na segunda

Capacitação para trânsito na faixa de areia do Farol na segunda


Por Jualmir Delfino



Tendo em vista a existência de extensa faixa de areia com desovas de tartarugas marinhas e com vegetação de preservação permanente, a Prefeitura de Campos, através da Secretaria de Meio Ambiente, realiza nesta segunda-feira (27) o Curso para Capacitação de Trânsito de Veículos Oficiais na faixa de areia da Praia do Farol de São Tomé. 

O curso é direcionado a servidores estaduais e municipais (bombeiros, policiais militares, agentes da própria Secretaria de Meio Ambiente, da Guarda Civil Municipal e do Projeto Tamar, do Ibama). O curso será realizado das 14h às 18h, na Escola Municipal Cláudia de Almeida, na praia campista.

O secretário de Meio Ambiente, Zacarias Albuquerque, cita a importância do curso para os agentes do Projeto Tamar  e da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Campos, que em ocasiões especiais de fiscalização ou autuações, precisam trafegar na faixa de areia, que tem ninhos com centenas de ovos de tartarugas e vegetação de preservação permanente na praia campista.




Postado por: Francisca de Assis - 25/01/2014 00:04:52


Ondas gigantes invadem praias e ameaçam população do Havaí

Ondas gigantes invadem praias e ameaçam população do Havaí



Nem mesmo os surfistas estão prontos para encarar as ondas que vêm arrebentando no litoral norte do Havaí, provavelmente relacionadas às mudanças climáticas. Ocasionadas por uma tempestade intensa com ventos fortes, as ondas são as maiores em várias décadas e ultrapassam os dez metros de altura e têm provocado estragos em diversas cidades, colocando em risco a atividade econômica e a sobrevivência da população local.
Diversas praias tiveram que ser fechadas e os salva-vidas reforçaram seu trabalho, com objetivo de manter as pessoas bem longe das ondas, que arrebentam na costa, de forma violenta e sem precedentes.  Os especialistas do Serviço de Meteorologia do Havaí deixaram claro que a intensidade das ondas é tão preocupante, que possuem força suficiente para quebrar os ossos, afogar e até causar a morte de banhistas e surfistas.
A ocorrência destas formações na costa norte do Havaí obrigou o cancelamento de uma importante competição de surfe, a “The Quiksilver in Memory of Eddie Aikau”, realizada para homenagear um dos ícones do surfe havaiano, Eddie Aikau. De acordo com o Huffington Post, o torneio deixou de ocorrer porque a mesma tempestade que trouxe as ondas gigantes também desorientou os ventos que sopram na região.
A força das águas ainda pode colocar em risco os habitantes e a economia local, à medida que acontecem alagamentos devido às tempestades e algumas localidades sofrem erosões. A preocupação com a forte maré também é grande, pois, nos casos mais extremos, ameaça residências e construções de serem tragadas pelo oceano. A situação de risco colocou em ação os voluntários da Cruz Vermelha, que distribuirão mantimentos às pessoas necessitadas.
Redação CicloVivo

Ação da Comlurb mostra montanha de lixo deixado em Copacabana durante o feriado

Ação da Comlurb mostra montanha de lixo deixado em Copacabana durante o feriado


Os moradores de Copacabana acordaram na manhã da última terça-feira (21) com uma surpresa na areia da praia: uma montanha de lixo com um laço de fita vermelho. A ação da Comlurb, em parceria com o movimento “Rio Eu Amo Eu Cuido”, teve como objetivo mostrar para a população como ficou a Praia de Copacabana sem limpeza, em apenas um dia de praia lotada. No total, foram amontoadas 40 toneladas de resíduos, largados na areia pelos banhistas no feriado de São Sebastião (20).
“Essa é uma iniciativa para chamar a atenção do carioca para o lixo descartado de forma incorreta e para alertar sobre o que aconteceria se os garis não limpassem, com a mesma intensidade, com que rotineiramente trabalham. Quarenta toneladas é uma quantidade muito grande, que enfeia a praia e cria uma situação insalubre. Por isso, estamos aqui para trazer essa discussão e conscientizar tanto o carioca quanto o visitante de que devem manter a praia e a cidade limpas”, explicou o presidente da Comlurb, Vinicius Roriz.
A Operação Praia Limpa, atuou com 90 trabalhadores durante toda a madrugada da terça-feira para recolher o lixo deixado pela população. Os resíduos que estavam depositados em lixeiras e nos 560 contêineres – que ficam dispostos de 25 em 25 metros na orla do Leme ao Posto 6 - foram devidamente recolhidos pelos caminhões da Comlurb, enquanto os descartados de forma irregular na areia foram acumulados próximo ao Posto 4, na altura da Rua Constante Ramos. Para facilitar o trabalho, foram utilizados quatro tratores, uma pá mecânica, além de caminhões para o transporte dos detritos.
Moradora de Copacabana, a advogada e empresária Márcia Cristina da Cunha ficou espantada com a montanha de lixo no “quintal de casa”, a qual ela se deparou quando saia para andar de bicicleta. “Quando eu vi essa montoeira de lixo aqui fiquei triste e ao mesmo tempo assustada. A Prefeitura faz a sua parte, mas o povo tem que parar com essa mentalidade de querer deixar a responsabilidade apenas para os governantes”.
Para Ana Lycia Gayoso, coordenadora do movimento Rio Eu Amo Eu Cuido, a iniciativa foi a forma encontrada de “chocar para sensibilizar” e tentar mudar as atitudes dos cariocas e visitantes. “Fizemos essa montanha de lixo com o laço de presente e as faixas para mostrar que o carioca deixa na praia presentes horríveis para a cidade. Só se chocando que a pessoa vê o quanto ela está se alienando no seu papel de cidadão”, afirmou Ana.

Juliana Romar – Prefeitura do Rio de Janeiro

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Pacto Brasil-França contra garimpo ilegal de ouro é aprovado

Pacto Brasil-França contra garimpo ilegal de ouro é aprovado
27 de Janeiro de 2014 •


Com a ratificação de um acordo Brasil - França no fim de 2013 os países deverão atuar em conjunto contra o garimpo ilegal de ouro em uma faixa de 150 quilômetros em ambos os lados da fronteira entre a Guiana Francesa e o estado do Amapá. A aprovação do pacto pela Câmara e pelo Senado aconteceu após 5 anos de tramitação, graças à passagem do presidente francês François Hollande pelo Brasil.
Conforme o acordo, “a extração ilegal do ouro ameaça a preservação do patrimônio ambiental do Planalto das Guianas e compromete a saúde e a segurança das populações que extraem os seus meios de subsistência da floresta” e por isso os países “se comprometeram a implantar um regime interno completo de regulamentação e controle das atividades de pesquisa e lavra de ouro nas zonas protegidas ou de interesse patrimonial.
O pacto prevê “a implantação de medidas necessárias para combater toda atividade de extração ilegal e comércio de ouro não transformado, especialmente as atividades de venda e revenda, e toda atividade de transporte, detenção, venda ou cessão de mercúrio efetuada sem autorização” e, ainda, “o confisco e, em última instância, a destruição dos bens, material e instrumentos utilizados para extrair o ouro ilegalmente”. Confira abaixo lista das unidades de conservação e terras indígenas no território atingido pelo acordo.
“O bloco de conservação do escudo das Guianas é de extrema relevância ecológica, pois conecta unidades de conservação ao norte, fora do Brasil, e outras áreas no noroeste do Pará, formando um mosaico com mais de 12 milhões de hectares, a maior faixa preservada de florestal tropical do planeta", lembrou Jean Timmers, superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil.
"Embora a atividade garimpeira no Amapá ainda seja vista, por vezes, como interessante do ponto de vista socioeconômico, na verdade traz prejuízos grandes aos trabalhadores, devido às péssimas condições de trabalho, além de graves prejuízos às áreas de conservação e às comunidades locais”, ressaltou.
O acordo Brasil - França para banir a exploração ilegal de ouro foi assinado no fim de 2008, nos governos dos então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, no lançamento da obra da ponte que une os dois países sobre o Rio Oiapoque. No entanto, a demora na ratificação do acordo pelo Congresso Nacional, inclusive pela atuação de parlamentares ligados ao garimpo ilegal, fez crescer a degradação socioambiental e a violência na região. Estimam-se em mais de 20 mil os brasileiros atuando com garimpo clandestino na Guiana Francesa.
O garimpo ilegal de ouro usa mercúrio líquido. A substância é extremamente tóxica à saúde e serve para apartar o ouro de outros materiais, mas se dissemina no ambiente, na carne de peixes e de outros elos das cadeias alimentares. Para produzir um quilo de ouro, os garimpeiros clandestinos chegam a usar um quilo de mercúrio. A Rede WWF estima que 30 toneladas de mercúrio sejam descartadas no ambiente natural das Guianas a cada ano, inclusive dentro de áreas protegidas e de terras indígenas.
Na região alta do Rio Maroni (Suriname e Guiana Francesa), um terço dos habitantes de pequenas comunidades sofre com a contaminação por mercúrio, apresentando níveis acima dos estipulados pela Organização Mundial da Saúde. Até 15 milhões de pessoas estariam contaminadas pelo metal na América do Sul, África e Ásia.
A corrida do ouro ganhou força com a alta do preço do minério no mercado internacional após a crise financeira de 2008 e pelo aumento da demanda por joias em países emergentes, como a Índia.
Em outubro passado, cerca de 140 países, incluindo o Brasil, aprovaram o texto final da Convenção de Minamata das Nações Unidas para banimento do uso de mercúrio até 2020. O tratado foi negociado por quatro anos e estabelece medidas de controle e de diminuição do uso e da produção da substância utilizada em vários produtos e processos industriais. A convenção entrará em vigor quando for ratificada por pelo menos 50 países.
"Defendemos e atuaremos para uma solução pacífica e que leve alternativas de trabalho e geração de renda de forma sustentável para as pessoas que hoje atuam com garimpo ilegal. A região tem alto potencial turístico, ampliado com a inauguração da ponte entre Brasil e França, e há possibilidade de concessões florestais para manejo madeireiro, por exemplo", lembrou Jean Timmers, do WWF-Brasil.

Araras colorem o sertão azul

REFÚGIOS NA CAATINGA

Araras colorem o sertão azul

Demorou mais de 100 anos para a arara-azul-de-lear ser encontrada na natureza. Agora, pesquisadores tentam preservar as últimas aves existentes no interior da Bahia

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João Marcos Rosa

Às 9 da manhã, o Sol já castiga os poucos que se habilitam a enfrentá-lo na vastidão semiárida da Estação Biológica de Canudos, na Bahia. Abrigada sob uma rara sombra no paredão de arenito, a bióloga Erica Pacifico, acordada desde as 3 da madrugada, bebe um gole d’água, quente a essa altura, e recebe um chamado no rádio. "Tem filhote. Dois", diz o colega Thiago Filadelfo, de dentro de uma toca a 50 metros de altura. Capacete na cabeça, o guia João Carlos Nogueira Neto corre para pegar uma gaiola especial. O equipamento é içado, e logo Filadelfo, deitado de bruços no local escuro e malcheiroso por causa das fezes de morcego, acomoda com cuidado os jovens passageiros, que saíram do ovo depois de quatro semanas de incubação.

Assim que os pequeninos chegam ao chão, Erica tira medidas, pesa, verifica se o papo está cheio e coleta restos de comida do bico, além de retirar amostras de sangue e de fezes de cada um antes de devolvê-los ao ninho. Por causa da pesquisa, que ela começou em 2008, os dois filhotes de arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) terão muito mais chances de chegar à idade adulta - podem viver até 40 anos - do que se tivessem nascido décadas atrás. Contabiliza-se hoje algo entre 800 e 1,2 mil dessas araras na natureza - eram 200 no começo dos anos 2000. "A primeira parte do trabalho era entender melhor a biologia reprodutiva delas, sobre a qual existiam pouquíssimas informações", conta a bióloga, que constatou, por exemplo, que as araras têm um ou dois filhotes por ano, que demoram em média 95 dias para começar a voar.

Toca Velha, como é conhecido esse hábitat das araras azuis em Canudos, começou a ser resguardada em 1993, quando a Fundação Biodiversitas, organização conservacionista sediada em Belo Horizonte, adquiriu 130 hectares da área, com o patrocínio da médica americana Judith Hart. Além dali, as aves vivem em outros dois pontos da região. Um deles é a Área de Proteção Ambiental Serra Branca, no limite sul da Estação Ecológica Raso da Catarina, distante 37 quilômetros de Canudos. Outro é o Boqueirão da Onça, um grande fragmento de Caatinga entre os municípios de Sento Sé e Campo Formoso, onde apenas dois indivíduos foram avistados nos últimos anos. Nos paredões vermelhos da Toca Velha, no fim da década de 1970, o biólogo alemão Helmut Sick (1910-1991) observou pela primeira vez a espécie na natureza - até então, a arara-azul-de-lear era conhecida apenas por exemplares taxidermizados ou em cativeiro. Era o fim de um mistério de mais de 100 anos, uma das maiores sagas da história da ornitologia.

DESCOBERTAHeinrich Maximilian Friedrich Hellmuth Sick desembarcou no Brasil em 1939 com a missão de coletar aves para o Museu de Zoologia da Universidade de Berlim. Com o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Alemanha durante a Segunda Guerra, Sick se escondeu na serra do Caparaó, na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, mas acabou sendo descoberto e encarcerado em 1942. Impossibilitado de estudar aves nos quase três anos que passou detido na Ilha Grande, no Rio de Janeiro, começou a observar invertebrados, formando uma coleção de 24 espécies de cupim, 11 delas inéditas.

Àquela época, ainda era desconhecida a origem da arara de cor índigo, de 70 centímetros de comprimento, 20 a menos do que sua parente mais conhecida, a arara-azul-grande (A. hyacinthinus). Os registros científicos atribuíam seu lar à Amazônia, provavelmente porque era do porto de Belém que os animais saíam para serem vendidos no exterior, junto com as "primas" amazonenses. A espécie havia sido descrita em 1856 por Charles Lucien Bonaparte, com base em uma pele depositada no Museu de Paris e em um animal vivo do Zoológico da Antuérpia. Bonaparte, sobrinho do imperador Napoleão, homenageou o artista inglês Edward Lear, um amigo que, em 1832, publicara em um dos volumes de sua obra Illustrations of the Family of Psittacidae, or Parrots uma ilustração da espécie.

No livro, porém, Lear descreve a ave como sendo uma arara-azul-grande. "Ele certamente notou a diferença entre a arara que havia pintado e representantes legítimos de A. hyacinthinus, que sem dúvida também observou. No entanto, sem autoridade para batizar uma nova espécie, teve que aceitar as diferenças encontradas como variações naturais, como o fizeram também inúmeros de seus contemporâneos", escreveu Sick.

Quando a ave foi reconhecida como nova espécie, Lear já havia abandonado as ilustrações detalhadas de animais para pintar paisagens por causa de uma perda parcial da visão. Mais tarde, o artista se dedicaria à poesia. "Infelizmente, nenhuma carta ou diário sobreviveu para revelar a reação de Lear à homenagem que lhe fora feita. Naquela época, ele estava vivendo e viajando fora da Inglaterra e seu foco era muito mais a pintura de paisagens do que a ornitologia", diz Robert McCracken Peck, estudioso de Lear na Universidade Drexel, nos Estados Unidos.

Depois de sair da prisão com o fim da guerra, Sick se tornou naturalista da Fundação Brasil Central, tendo coletado diversas espécies e descoberto outras enquanto viajava pelo Xingu com os irmãos Villas Bôas. Em 1965, já como pesquisador do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, Sick leu um artigo no qual o ornitólogo holandês Karel Voous afirmava que a espécie não existia de fato: os exemplares existentes eram híbridos de arara-azul-grande e arara-azul-de-glauco (A. glaucus), espécie já extinta, de menor tamanho entre as três desse gênero. O que o holandês não sabia era que Sick já tinha pistas de que o animal vinha de algum lugar no baixo rio São Francisco graças a relatos de outros ornitólogos.

Depois de três expedições nos anos 1970, em 29 de dezembro de 1978, o veterano cientista e os iniciantes Dante Martins Teixeira e Luiz Pedreira Gonzaga, seus alunos no Museu Nacional, chegaram a Euclides da Cunha, para onde as evidências apontavam ser a morada mais provável da espécie. "A gente procurava gaiola pendurada na porta das casas, sinal de que ali tinha gente interessada em ave", diz Gonzaga, hoje professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, assim como Teixeira.

O dono de uma farmácia, colecionador de passarinhos, levou os pesquisadores para conhecer um fazendeiro que poderia ter informações. Enquanto falavam com ele, um homem que ouvia a conversa se manifestou. "Eu matei uma dessas uns dois meses atrás", teria dito Elizeu Pereira Alves, o Maninho. Minutos depois, ele voltava com as penas que tinha guardado. À noite, Sick, então com 68 anos e sofrendo com duas hérnias que fizeram seu médico proibi-lo de fazer aquela viagem, havia montado a cauda completa do animal. Ele estava perto.

Maninho levou a equipe até o então distrito de Cocorobó. "Ao final da tarde de 31 de dezembro, vimos à distância três araras azuis que se dirigiam ao dormitório", escreveram os pesquisadores anos depois. Gonzaga conta, porém, que naquele momento Sick ainda não tinha se dado por satisfeito. Só no primeiro dia de 1979 é que eles avistaram com clareza as araras. Ainda olhando pela luneta, o alemão levantou um polegar para Gonzaga e Teixeira. Era, com certeza, a arara-azul-de-lear. Depois de quase 30 anos de busca, essa era a maior manifestação de felicidade que a dor das duas hérnias permitia ao cientista.

PROTEÇÃO Na volta para o Rio de Janeiro, Sick tratou de contatar as autoridades ambientais federais e alertar para a necessidade de proteger a área. Em alguns meses, Maninho, que o guiou até as araras, seria nomeado guarda-parque da região. O trabalho se revelaria intenso: àquela época, estimava-se haver por volta de 40 araras na Toca Velha e o tráfico de aves corria solto. "Meu pai não podia ver gaiola com passarinho que ele pegava para soltar. Com ele, não tinha conversa", lembra Dorivaldo Macedo Alves, 49 anos, o filho mais velho de Maninho, falecido em 1998. Dorico, como é mais conhecido, e seu irmão caçula são dois dos três guarda-parque atuais da Estação Biológica de Canudos.

Dorico me apresenta Aderbal Nascimento de Farias, que acompanhou seu pai na busca derradeira de Sick pela arara-azul-de-lear. "Naquela época, a gente chamava o bicho apenas de arara. Não sabia que era azul", conta Farias. "Como elas não deixavam chegar perto, de longe, pareciam ter a cor verde." O sertanejo se lembra bem da parte da viagem em que a equipe passou pela Serra Branca. Diferentemente da Toca Velha, onde a vegetação é degradada por causa dos bodes e das cabras que circulam livremente, ali só entra gado quando algum vizinho derruba a cerca. Andando em alta velocidade em uma picape na estreita estrada arenosa - o único jeito de não ficarmos atolados -, não vejo o que há por trás da mata homogênea, que inclui facheiros, mandacarus e licuris. Essas espécies fornecem a maior parte da alimentação das araras.

CONSERVAÇÃOQuem garante a conservação da Serra Branca com mão de ferro é o fazendeiro Otávio Manoel Nolasco de Farias, que nos conduz aos dormitórios das araras. Aqui só entra quem ele permite. Embora o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) alegue que os paredões estejam dentro da Estação Ecológica Raso da Catarina, Nolasco afirma que a terra é dele e garante fazer sua parte. "Meus inimigos me chamam de coronel, mas a minha única causa é a conservação", costuma dizer. Ele me recebe em uma de suas fazendas, onde há pouco tempo plantou uma área com milho e licuri apenas para as araras. O apetite delas pelo cereal, porém, deixa outros agricultores furiosos. Um bando faminto pode acabar com uma plantação inteira. Um programa de compensação por lavouras perdidas, criado há alguns anos, não foi para frente, o que pode ser uma ameaça à espécie. Erica suspeita que a inclusão do cereal na dieta delas se deva à falta de licuri na região, derrubado para dar lugar a pastos e lavouras.

Uma vez por ano, Nolasco abre os portões de sua fazenda para o Cemave, órgão do ICMBio responsável pelo monitoramento dos animais, fazer a contagem das araras. Erica diz, no entanto, que o ideal seria que isso fosse feito quatro vezes mais: contar araras exige uma complexa mistura de matemática e zoologia, que precisa ser feita com frequência para obter estimativas mais precisas. Para saber o tamanho da população, considera-se que 25% dela é composta de adultos em idade reprodutiva. Não é fácil reconhecer os casais. Embora levem em média oito anos para atingir a maturidade sexual, as aves começam a voar em duplas bem mais cedo e chegam até mesmo a se comportar como se estivessem copulando. "Não se sabe por que elas agem assim", diz Erica. A solução é observar os ninhos. Para ser considerado ativo, é preciso que haja atividade nele por três dias, com pelo menos um dos membros do casal permanecendo no lugar. "É sinal de que eles estão protegendo filhotes ou ovos." Depois desse tempo, enfim sabe-se quem são os adultos reprodutivos e, como consequência, o tamanho da população.

Um próximo estágio da pesquisa é descobrir em que momento da história a variabilidade genética da população caiu. "Vamos tentar entender se esse momento coincide com algum evento, como uma grande seca ou mesmo a Guerra de Canudos", exemplifica Erica. Além disso, a bióloga vai poder saber o quanto a população é viável no longo prazo. "Como é um grupo pequeno e localizado, provavelmente está se reproduzindo entre si, o que é prejudicial à sobrevivência da espécie", diz. Por isso, conservar o hábitat e permitir que as aves se espalhem é fundamental. Erica pretende marcar de dez a 20 indivíduos da Toca Velha com transmissores que emitem sinais via satélite. Assim, poderá saber com precisão onde eles se alimentam, um dado fundamental para definir áreas prioritárias para a conservação.

Seria emocionante voltar em alguns anos e ver mais araras colorindo a Caatinga de azul. No entanto, é hora de partir. Em meu último dia na Toca Velha, não vejo as aves no céu. Apenas empacoto roupas e equipamentos e me despeço da equipe de pesquisa. Pela primeira vez durante toda a viagem, não acordo de madrugada para ir até os dormitórios das araras, a pé ou a bordo da velha picape Bandeirante conduzida por Dorico, parecida com a que Sick rodou pelos sertões nordestinos até chegar a Canudos. A história está viva. Que assim permaneça
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