terça-feira, 6 de dezembro de 2016

ISOPOR: UM MATERIAL COM ALTO POTENCIAL DE RECICLAGEM


Com índice de 34,5% de reciclagem pós-consumo, o EPS (poliestireno expandido, mais conhecido como Isopor®) vem ganhando uma série de novas aplicações que impulsionam o crescimento do setor. As 13.570 toneladas encaminhadas para reciclagem, em 2012, foram compostas, sobretudo, por fontes não domésticas como hospitais, empresas, centros comerciais e instituições, além dos resíduos domésticos. Esses dados fazem parte do último levantamento feito pela Plastivida. Na entrevista a seguir, a assessora técnica da organização, Silvia Rolim, analisa a atual realidade e as perspectivas do segmento: 

Qual é o retrato da reciclagem do EPS no país?

Estamos preparando uma nova pesquisa sobre o setor, mas os dados de nossa última sondagem, divulgada em 2012, mostram que a reciclagem do EPS pós-consumo tem crescido em um ritmo de 25,3% ao ano, um resultado muito positivo e comparável aos de países desenvolvidos. Em 2008, por exemplo, o Brasil reciclava apenas 13,9% do que era descartado.
As 22 recicladoras de EPS faturaram juntas R$ 85,6 milhões e possuíam uma capacidade instalada de 30.473 toneladas. A região Sudeste respondia por 41,9% do EPS reciclado, seguida pela região Sul, com 37,1%.

Quais as maiores fontes de EPS pós-consumo?

Nas residências, temos bandejas, embalagens de alimentos entregues via delivery, por exemplo. Entre os grandes geradores, estão os centros comerciais e as redes de varejo. Nesses locais, a instalação de um compactador pode fazer muita diferença, uma vez que reduz sensivelmente (em até 98%) o volume do material, tornando a coleta mais atrativa.

Quais as aplicações do Isopor® reciclado?

A construção civil é o maior mercado para o EPS reciclado, com cerca de 80% (misturado em argamassa, concreto leve, lajotas, telhas termoacústicas, rodapés e decks de piscinas). Outras aplicações são verificadas na indústria de calçados (solados, chinelos), móveis (preenchimento de pufes, por exemplo) e utilidades domésticas (vasos de flor, floreiras, molduras de quadro), entre outros produtos (veja tabela no final da entrevista).

Quais as dificuldades para expansão da reciclagem do EPS?

A desinformação é o fator número 1, juntamente com a insuficiência da coleta seletiva. Mesmo com os bons índices apresentados, a reciclagem do Isopor® ainda é pouco conhecida por parte da população e até das cooperativas. Mas temos apostado em iniciativas para ampliar ainda mais a reciclagem, com base em projetos de educação ambiental e apoio à atuação das cooperativas que, muitas vezes, resistem a recolher o material em função de seu baixo peso e grande volume. Já identificamos, no entanto, algumas experiências vitoriosas como na cidade de Ponta Grossa, no Paraná. 

O que foi feito em Ponta Grossa?

A cidade lançou, oficialmente em 2014, um projeto para reciclagem do EPS com um Acordo de Cooperação Técnica celebrado entre o poder público municipal e o Grupo Gestor do Movimento Viramais®. Entre as ações previstas no acordo, estão a cessão em comodato do equipamento para compactação do EPS, a capacitação técnica das quatro cooperativas que fazem parte do projeto e a instalação de PEVs exclusivos, visando a coleta dos resíduos de EPS e sua destinação final ambientalmente correta. Em onze meses de operação, mais de 10 toneladas de embalagens de EPS foram processadas e recicladas, gerando trabalho, renda e ganhos ambientais importantes.

A educação ambiental é a chave para a expansão do setor?

Com certeza.Em 2012, a indústria brasileira de reciclagem de EPS operou com 60% de sua capacidade instalada, marca que pode ser melhorada com maior atenção à coleta seletiva. Isso porque, mesmo sendo um material bastante comum no cotidiano, muitas pessoas não sabem que o EPS é um plástico e que é 100% reciclável.
A Termotécnica, por exemplo, lançou o  www.reciclareps.com.br para divulgar os pontos de coleta do EPS. O portal já recebeu mais de 11 mil consultas para descarte e a parceria com prefeituras possibilitou a ampliação do programa que hoje coleta EPS de 126 municípios, distribuídos nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Joinville e Manaus. A empresa também realiza projetos de educação ambiental. Com o objetivo de promover as características, propriedades, benefícios e aplicações, além do uso responsável, descarte correto e reciclagem do EPS, criou no início de 2016, o Comitê de EPS, composto por fabricantes de matéria-prima, transformadores e recicladores do material.

O atual momento econômico dificulta o crescimento?

Sem dúvida, o cenário econômico não está favorável para praticamente nenhum setor no país. Mas quando fizemos nosso último levantamento, encontramos empresas - que fabricam uma vasta gama de produtos a partir de EPS pós-consumo - que não conseguiam atender aos pedidos de seus clientes porque não recebiam material suficiente. Ou seja, a demanda existe, mas é preciso informar a população e aumentar a eficiência da coleta. Isso ocorre também com outros materiais recicláveis. Com a solução desses dois entraves e a retomada do crescimento no país, teremos que investir na ampliação de nosso parque de reciclagem para dar conta da demanda e isso será muito bom para o meio ambiente e para a economia.
Disponível em: http://cempre.org.br/informa-mais/id/49/isopor----um-material-com-alto-potencial-de-reciclagem

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